Novamente Juntos - Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Pág: 91 "Um homem, vamos chamá-lo de José, andando pelo campo, chegou á margem de um riacho. Embora não fosse fundo, era largo. Viu um senhor idoso e tudo indicava que queria atravessar. José aproximou-se e ofereceu:
"Precisa de ajuda, senhor?"
"Bom jovem, queria atravessar este rio, porém estou doente e não posso me molhar."
"Sou forte, se o senhor quiser posso carregá-lo até o outro lado."
"O senhor aceitou sorrindo e José o colocou nos ombros e o levou ao outro lado."
"Obrigado meu caro."- Agradeceu o velho. "-Você acaba de ser testado por mim, um gênio, o senhor do destino dos homens."
José se assustou ao ver aquele velho se transformar e teve diante de si um homem vestido, alto e forte.
"José, não se assuste. Por ter me emprestado um favor, lhe farei outro. Levarei você até a gruta onde está o livro do destino. Vou deixá-lo lá por 3 minutos e poderá escrever nele o que quiser."
E José foi transportado rapidamente pelo gênio até a gruta. Foi tão rápido que não deu tempo de ele saber onde ficava tão famoso lugar.
"Aqui está o libro, uma caneta e lembre-se, tem 3 minutos!!" - Disse o `gênio e se retirou, deixando José sozinho.
E abriu o enorme livro e logo achou a página em que estava escrito o seu nome. Mas pensou: tenho uma ótima oportunidade de me vingar dos meus inimigos. Eram 3 os seus desafetos.
Rápido, procurou o nome do primeiro, achou a página dele e escreveu: vai ficar cego. Procurou o segundo e, achando anotou: vai ficar na miséria. E assim fez com o terceiro e determinou: vai morrer só e abandonado. Quando ele ia procurar seu nome novamente, surgiu o gênio e lhe disse:
"Seu tempo acabou!"
E José viu se transportado como um raio para a margem do rio.
E sabem o que aconteceu com o José dessa singular história? Foi abandonado pela esposa e filhos, ficou só, na miséria e cego. E pior, se lastimando, porque se ele não tivesse perdido tempo com seus inimigos, certamente teria uma vida diferente.
Certamente que o livro do destino não existe como é narrado neste conto, mas existe o que fazemos, as nossas ações.
Tantos como José passam a existência preocupados com os desafetos, esquecendo de fazer algo de bom para si, e pior, continuam após a desencarnação a se preocupar com aqueles que julgam ser seus inimigos.
Se esquecermos os desafetos e nada fizermos para prejudicá-los não teremos do que nos lastimar, como José, que poderia ter prestado mais atenção nos afetos e não seria abandonado, ter se dedicado mais ao trabalho e não acabaria na miséria, vibrar melhor no amor e não teria adoecido. Se o desencarnado, em vez de querer se vingar, tivesse procurado o bem, iria ter a saúde proveniente do equilíbrio espiritual, teria o merecimento de ser abrigado numa Colônia e desfrutaria das belezas que nenhuma riqueza material pode dar. Deveria ter feito mais amigos e prestado mais atenção neles, porque possuir amigos é nunca estar só ou se sentir abandonado.
O tempo passa e não tem retorno. Temos vistos muitas pessoas disperdiçá-los em magoar os outros, em se vingar, sendo que poderia estar fazendo algo de bom para si mesmo. Entenderá um dia, que não vale a pena alimentar mágoas, porque o que desejamos aos outros é o que atraímos para nós.